De acordo com uma notícia publicada há dias pelo Correio da Manhã, há cerca de 600 mil eleitores a mais nos cadernos eleitorais. Esta situação, tida como desleixo das juntas de freguesia, pode em último caso ser considerada uma fraude eleitoral.
Porque é que as juntas de freguesia não "limpam" os cadernos eleitorais com a celeridade necessária? Porque beneficiam com isso: mais eleitores significam mais subsídios e melhores salários. Dinheiro que, por causa de uma habilidade, é atribuído a quem não tem direito a ele, prejudicando assim quem o deveria receber.
Mas o problema maior é que esta falta de zelo pode levar à eleição indevida de mais vereadores e, em último caso, de mais deputados (neste caso, em prejuízo de outros círculos eleitorais).
Quantas vereações é que estão sobredimensionadas em Portugal? Quantos deputados é que estão indevidamente no Parlamento, no lugar daqueles cuja justa eleição não pôde ser reconhecida?
As fraudes eleitorais não se resumem a manobras com os boletins de voto. Ocorre uma frade eleitoral sempre que alguém ocupa indevidamente um lugar electivo - seja porque esse lugar não deveria existir, seja porque deveria pertencer a outrem.
Esta situação é inadmissível.
É inadmissível que, com a evolução dos recursos informáticos, a actualização dos cadernos eleitorais não seja automática.
É inadmissível que o controlo do sistema seja deixado exclusivamente nas mãos daqueles que mais beneficiam com a sua perversão.
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